Lula é excluído do diálogo sobre a Ucrânia; abandono da neutralidade e ideologia explicam fracasso

 



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Lula é excluído do diálogo sobre a Ucrânia; abandono da neutralidade e ideologia explicam fracasso

Gazeta do Povo

23 de Janeiro de 2025 as 22:30

  Foto: Divulgação

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já não é mais um "player", um ator importante, na negociação de paz com a Rússia. A afirmação coloca um ponto final nas pretensões de Lula de ser um mediador do conflito. O mesmo já havia acontecido em 2024 em relação a Israel, quando o presidente brasileiro recebeu o inédito título de persona non grata. Para analistas e diplomatas aposentados consultados pela Gazeta do Povo, o fracasso de Lula em se tornar um mediador internacional da paz é uma das consequências da ideologização que o petista deu à sua política externa.

A Ucrânia havia feito uma última tentativa de credenciar Lula como interlocutor importante no último dia 14. O chefe de gabinete do governo ucraniano Andrii Yermak convocou a imprensa brasileira para pedir ao Brasil que intermediasse o retorno de 20 mil crianças ucranianas levadas para adoção forçada na Rússia. O Itamaraty se desviou do assunto e disse que o tema já estava sendo tratado em um plano de paz de autoria da China.

Na quarta-feira (22), em uma entrevista à Rede Globo, Zelensky deixou claro que a Ucrânia não aceita mais Lula como mediador. Recusado por uma das partes beligerantes e sem poder militar, econômico ou laços culturais com as nações em guerra, o Brasil está, na prática, fora das discussões de paz. “Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra. Agora ele não é mais um 'player'. Ele também não será um 'player' para Trump”, disse o presidente ucraniano.

Lula tentou se lançar como um mediador do conflito em curso no Leste Europeu e chegou a sugerir em 2023 a criação de um "clube da paz" com outros países para buscar uma solução para a guerra. O mandatário brasileiro, contudo, começou a perder relevância nas mesas de negociações após dar declarações controversas e apontadas como favoráveis à Rússia, país que deu início ao conflito em 2022.

Visto como um dos apoiadores do ditador russo, Lula também não concordou em aderir ao Plano de Paz já proposto pela Ucrânia com base na Carta das Nações Unidas junto a outras nações democráticas do Ocidente. Em contraponto à proposta já existente, o petista produziu ao lado da China um novo acordo para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. O documento, no entanto, é considerado favorável a Moscou por não prever a retirada de tropas russas do território ucraniano ou na devolução das áreas já ocupadas pela Rússia.










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