Defesa de Daniel Silveira ironiza Lula, agradece presidente e pede a Moraes aplicação de indulto natalino

 



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Defesa de Daniel Silveira ironiza Lula, agradece presidente e pede a Moraes aplicação de indulto natalino

Por Bernardo Mello. O Globo

05 de Janeiro de 2025 as 19:25

  Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

A defesa do ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira, preso no último dia 24 de dezembro, peticionou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, um pedido de aplicação do indulto natalino deste ano. O pedido, assinado pelo advogado Michel Robert Silva Pinheiro, ironiza o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo decreto do indulto, assinado no último dia 23, e agradece o petista por "corrigir a maior injustiça", referindo-se à prisão do ex-deputado.

O texto assinado por Lula, porém, não contempla condenados por ataques à democracia, como Silveira.

O indulto natalino, previsto na Constituição e aplicado por outros presidentes no passado, funciona como uma espécie de perdão coletivo para condenados, que têm a sentença extinta e podem ser liberados. O indulto ocorre mediante decreto presidencial, que estabelece os grupos contemplados, e não tem efeito imediato; as defesas dos beneficiados precisam entrar com pedidos na Justiça, que avalia se o decreto se aplica a cada caso.

Na petição a Moraes, relator da ação que condenou Silveira a oito anos e nove meses de prisão por estimular atos antidemocráticos e ataques contra ministros do Supremo, a defesa do ex-deputado apontou que ele estava em liberdade condicional no dia 23, data da publicação do indulto natalino. Além disso, a pena restante a ser cumprida é inferior a seis anos. As duas situações são previstas no decreto de Lula como passíveis de soltura e de perdão da pena.

No entanto, o indulto deste ano exclui os condenados "pelos crimes contra o Estado Democrático de Direito" previstos no Código Penal. Entre esses crimes está o de "tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais".

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A redação foi dada por uma lei aprovada pelo Congresso em agosto de 2021, e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro, que substituiu a Lei da Segurança Nacional (LSN). Silveira foi preso originalmente em fevereiro de 2021, e condenado com base no artigo da antiga LSN que fala de "tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livro exercício de qualquer dos Poderes".

Sem mencionar esta informação no pedido a Moraes, a defesa de Silveira alegou que "não há que se falar em inaplicabilidade do indulto" ao ex-deputado, e concluiu com um agradecimento irônico a Lula.

"Por fim, esta Defesa técnica agradece ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por corrigir a maior injustiça jamais vista na história desse país. Obrigado, Presidente!", diz a petição.

O pedido foi apresentado a Moraes na sexta-feira, e o ministro ainda não se manifestou.

 

Relembre momentos do ex-deputado Daniel Silveira

Silveira chegou a receber liberdade condicional, no dia 20 de dezembro, mediante uma série de medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de usar as redes sociais. O ex-deputado também estava proibido de sair de casa entre 22h e 6h e aos fins de semana. O benefício foi concedido pelo STF porque Silveira já havia cumprido um terço da pena.

Ele foi preso novamente no dia 24, porém, após violar os termos da liberdade condicional. A defesa de Silveira alegou a Moraes que as regras não haviam sido claras, e o ministro rebateu afirmando que havia "má-fé" ou "lamentável desconhecimento da legislação" por parte dos advogados.

Ainda de acordo com Moraes, o ex-deputado descumpriu medidas cautelares 227 vezes no curso do processo que terminou em sua condenação.

Depois de ser preso no dia 24, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, Silveira passou por audiência de custódia. Ele foi levado inicialmente para a cadeia pública de Benfica, na Zona Norte da capital, mas Moraes determinou que ele cumpra o restante da pena em regime fechado na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio.










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