O empresário Waldisnei da Cunha Amorim – sócio proprietário da Gendoc Sistemas e Empreendimento LTDA – afirmou que não tem qualquer conhecimento de propinas que foram pagas pelo governo Silval Barbosa (2010 – 2014) aos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
As informações foram prestadas num inquérito do TCE que investiga se os conselheiros do órgão aceitaram um suborno de R$ 50 milhões para não fiscalizar as obras do projeto de pavimentação de estradas, o MT Integrado; obras das Copa do Mundo de 2014; bem como aprovar, sem mais problemas, as contas do governo de Silval.
No depoimento prestado no gabinete do conselheiro substituto, Moises Maciel, o dono da Gendoc relatou que, entre os anos de 2011 e 2013, foi chantageado pelos ex-secretários de Estado, Pedro Nadaf, Cezar Zílio e Pedro Elias, para pagar propina por conta de uma licitação que tinha vencido no Governo do Estado e no Tribunal de Contas. A Gendoc é uma empresa especializada em Licenciamento de Programas de Computador Customizáveis.
Waldisnei informou no depoimento que a propina de 20% seria para resolver pendências do então governador Silval Barbosa (PMDB), como dívidas de campanha. No primeiro momento, o dinheiro foi cobrado por Zílio, que era secretário de Administração. "Após firmar contrato com a SAD foi extorquido pelo então secretário César Zìlio que exigiu 20% de todo o faturamento para ajudar em supostas despesas de campanha", disse.
Depois, Zilío deixou a pasta e Pedro Elias, que assumiu o lugar dele, também passou a cobrar a propina. Depois de Elias, as cobranças continuaram sendo feitas por Pedro Nadaf. "Pedro Nadaf convocou para que o depoente comparecesse a SAD que lhe incumbiu dois novos projetos na Sinfra e na Secopa, a toque de caixa, e as extorsões relativas a esses novos contratos foram repassadas a emissários do senhor Pedro Nadaf".
O empresário enfatizou que nunca soube de qualquer repasse dessa propina aos conselheiros do TCE. "Foi dito que os valores eram para resolver problemas do governador", acrescentou.
Em 2013, a Gendoc firmou contrato com a corte de contas que previa a digitalização e organização do acervo do órgão. Waldisnei garantiu no depoimento que o contrato foi efetivamente executado sem pagamento de propinas aos conselheiros. "Nunca soube de qualquer repasse para conselheiros; que afirma que efetuou os serviços avençados contratualmente sem sobrepreço", assinala.
"O contrato com o TCE serve como referência, modelo de lisura, fazendo parte do histórico positivo da empresa Gendoc", completou.
A versão do empresário vai contra o depoimento de Sival à Procuradoria Geral da República (PGR). Em sua delação premiada – homologada pelo Supremo Tribunal Federal – o ex-governador afirma que dos contratos de licitação da Gendoc foram cobradas propinas que serviram para subornar os conselheiros do TCE.
AFASTAMENTOS
Os conselheiros titulares do TCE, José Carlos Novelli, Waldir Teis, Antônio Joaquim, Walter Albano e Sérgio Ricardo, foram afastados pelo STF, no último dia 14 de setembro por conta da operação Malebolge, da Polícia Federal.
As investigações tiveram início com base na delação de Silval que afirmou, junto a PGR, que os conselheiros foram subornados para a aprovação de contas do ex-governador e para dar continuidade às obras da Copa.
Na ocasião das investigações, a PF fez mandados de buscas e apreensão nos gabinetes dos conselheiros, dá onde foram levadas pilhas e mais pinhas de computadores e documentos.