Falta de demarcação e avanço da criação de gado ameaçam índios Piripkura que vivem isolados em MT

 



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Falta de demarcação e avanço da criação de gado ameaçam índios Piripkura que vivem isolados em MT

Por Thiago Andrade, g1 MT

23 de Novembro de 2021 as 20:06

  Imagens aéreas mostram área desmatadas na TI Pikipkura — Foto: Reprodução

O avanço da pecuária e a falta de demarcação do governo federal para novas terras indígenas ameaçam a sobrevivência de índios Piripkura, que vivem isolados no noroeste de Mato Grosso. Os indígenas foram observados desde 1984 e apesar de seguidas portarias do governo federal, o território ainda não foi demarcada. No local, dois índios vivem isolados, Packyî e Tamandua.

O dossiê "Piripkura: Uma Terra Indígena devastada pela boiada" foi publicado pela campanha #IsoladosOuDizimados, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI), e organizações parceiras.

Segundo o dossiê, mesmo com a pandemia da Covid-19, a área da terra indígena não foi poupada, ao contrário, o desmatamento aumentou ainda mais. O estudo mostra que em uma área de 243 mil hectares entre os municípios entre Colniza e Rondolândia, há pasto recém desmatado. "No sobrevoo, é possível ver também uma pista de pouso, estradas, tratores e caminhões — elementos comuns de uma propriedade rural qualquer da região", destaca o estudo.

O estudo mostra também um aumento das áreas desmatadas, se comparadas com as áreas sobrepostas da terra indígena não demarcada. Segundo o estudo, em 20 anos o desmatamento avançou 2.000%. "Foi detectado no período entre agosto de 2020 e setembro de 2021 um desmatamento de 2.361,5 hectares", diz trecho do estudo.

O trabalho revela também que de 15 a 28 fazendas, dependendo do parâmetro utilizado, estão nas áreas da terra indígena não demarcada Piripkura.

O estudo conclui que, por conta dos crescentes desmatamentos e tentativas de regularização de propriedades que estão na área indígena ainda não demarcada. Para os pesquisadores, o governo federal precisa urgentemente demarcar a terra indígena e assim impedir a extinção dos Piripkuras.

O Ministério Público Federal (MPF) já ingressou com uma ação na Justiça para cobrar celeridade do governo federal na demarcação da terra indígena e aguarda uma decisão sobre o caso. O MPF defende que o número de indígenas vivendo no local não deve ser determinante para a demarcação do território.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que tem prestado toda assistência aos Piripkuras, inclusive, com ações voltadas à proteção territorial. A fundação do governo federal disse presta serviços de saúde e ainda garantia de segurança alimentar.

Com relação à portaria de interdição da área por apenas seis meses, a entidade destacou que vai apresentar uma solução definitiva para o tema, mas não disse quando.

 

Terra Indígena Piripkura

A Terra Indígena Piripkura, habitada por um grupo de indígenas em isolamento voluntário, localiza-se na região entre os rios Branco e Madeirinha, afluentes do rio Roosevelt, nos municípios de Colniza e Rondolândia, no estado de Mato Grosso, e ainda não está demarcada.

É um território indígena protegido apenas por medida de restrição de uso, que é um instrumento colocado à disposição da Funai para o resguardo de indígenas em isolamento voluntário.

 










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