O deputado estadual Wagner Ramos (PSD) disse na noite de terça-feira (5) que o vídeo onde é flagrado supostamente pedindo propina ao filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Rodrigo Barbosa, para “aliviar” nas investigações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - que apurava fraudes nas obras da Copa - não passa de uma “armação”.
De acordo com o deputado, ele foi ao escritório de Rodrigo Barbosa, no dia 19 de julho de 2016, em um edifício da Avenida do CPA (Historiador Rubens de Mendonça), para tratar sobre um garimpo no município de Nossa Senhora do Livramento.
“Foi uma grande armação e meus advogados estão trabalhando para responder isso juridicamente. Sei da minha inocência e da responsabilidade como parlamentar. De forma alguma iria fazer propostas indecorosas e indevidas para Rodrigo Barbosa”.
Wagner Ramos explica que tem um álibi porque foi ao escritório do filho de Silval com um amigo que é geólogo justamente para somente tratar sobre o garimpo.
“Eu tenho testemunha, que foi comigo naquele dia, de que fui tratar sobre outro assunto com Rodrigo Barbosa. (...) Depois ele pediu para o rapaz sair da sala e perguntou: ‘Wagner, e a CPI das Obras da Copa? Eu disse que não sabia por que estava de licença’. Então essa primeira resposta já mostra que não fui lá tratar de CPI”, respondeu.
Sobre o momento em que aparece no vídeo suspostamente escrevendo valores da propina que seria paga aos membros da CPI, conforme consta na delação de Rodrigo Barbosa o valor anotado pelo deputado foi de R$ 5 milhões, Wagner afirma que apenas riscou seu nome da lista.
“Ele me disse que tinha ficado R$ 10 milhões. Eu risquei meu nome. Ele disse: ‘Beleza, assim fica mais fácil’. Eu respondi: ‘Bicho, conta comigo’. Mas isso não saiu no áudio e, inclusive, meus advogados vão pedir uma perícia nos vídeos”, argumentou o parlamentar.
O vídeo
Na gravação entregue por Rodrigo Barbosa no acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o filho do ex-governador diz que Wagner Ramos foi até seu escritório em nome de outros deputados membros da CPI para negociar o valor da propina.
“Oscar Bezerra [à época, presidente da comissão da Copa] tendo este solicitado inicialmente a Silval Barbosa valores altos, no montante de R$ 15 milhões. Ainda em tratativa com Silval Barbosa, Oscar Bezerra baixou o valor da propina para R$ 10 milhões. (...) O declarante [Rodrigo] explicou toda a tratativa e os altos valores envolvidos, o que tornava impraticável, momento em que Wagner Ramos tomou a caneta, fez um corte no valor de 10 milhões e anotou o número 5, no documento que o declarante entrega nesta oportunidade; que Wagner Ramos prometeu que conversaria com o "pessoal" e que depois retornaria”, destaque trecho do documento.
Na delação premiada consta ainda um segundo encontro entre o filho de Silval e o deputado Wagner Ramos, que ocorreu no dia 26 de julho de 2016. Desta vez, o deputado demonstra nervosismo.
O parlamentar, segundo Rodrigo Barbosa, disse que conversou com o pessoal e que chegou a um valor de R$ 7 milhões. “O que deu a entender que era para dividir com os membros da Comissão”.