ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sílvio César Corrêa Araújo, considerado "braço direito" do peemedebista no governo, fez um acordo de delação com o Ministério Público Federal (MPF), segundo a defesa dele. O advogado afirmou ainda que o acordo já foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), junto com o do ex-governador, no início deste mês.
No acordo, Sílvio relatou detalhes do esquema de fraudes na concessão de incentivos fiscais, liderado por Barbosa, entre 2010 e 2014. A organização criminosa foi montada para desviar dinheiro dos cofres públicos do estado e pagar dívidas da campanha de Silval Barbosa ao governo de Mato Grosso em 2010.
O ex-chefe de gabinete também contou sobre o desvio de cerca de R$ 8 milhões da Secretaria Estadual de Trabalho e Assistência Social (Setas), de 2011 a 2014, durante a gestão da ex-primeira-dama Roseli Barbosa, mulher de Silval.
Assim como o ex-governador, Sílvio passou quase dois anos preso, no Centro de Custódia de Cuiabá, e teve a prisão preventiva convertida para prisão domiciliar. Ele ofereceu, como garantia dos prejuízos causados ao erário, um imóvel avaliado em R$ 472,9 mil, e deixou a unidade prisional em junho deste ano. Ele está usando tornozeleira eletrônica.
O advogado Victor Alípio Azevedo Borges, que defende o ex-chefe de gabinete, afirmou que o cliente manifestou interesse em fazer o acordo de delação e, então, procurou os meios para isso. "Foram prestados vários depoimentos ao MPF, de acordo com o que ele ia se lembrando sobre os fatos, durante a celebração do acordo", contou.
Segundo o advogado, Sílvio Corrêa contou tudo o que sabia sobre os esquemas fraudulentos. "No acordo, ele falou sobre todos os atos que praticou e tudo o que viu. Ele atuava como braço direito do Silval, mas ele também contou sobre a Operação Arqueiro [que investigou desvio na Setas), explicou.
No acordo, o ex-chefe se comprometeu a restituir o erário. No entanto, conforme a defesa, o acordo é sigiloso. Inclusive, a manutenção do sigilo sobre o que foi dito e acordado está previsto na delação.
Em depoimento prestado no dia 1º de junho deste ano à Delegacia de Crimes Fazendários (Defaz), Silval Barbosa disse que Sílvio e outras 11 pessoas faziam parte do esquema. Segundo a Polícia Civil, ele acompanha o ex-governador desde 2003, quando ainda era piloto de avião. No esquema, ele tinha a missão de arrecadar propina, pagar dívidas, fazer transações com operadores financeiros, reuniões com empresários e controlar o pagamento de propinas.
O ex-secretário estadual de Comércio, Minas e Energia e da Casa Civil, Pedro Nadaf, disse em depoimento à Justiça ter presenciado ameaças feitas por Sílvio contra os delatores do esquema investigados na Operação Sodoma, os ex-secretários estaduais de Administração César Zílio e Pedro Elias.
Sílvio é suspeito de envolvimento em desvio de verba da Secretaria de Assistência Social, durante a gestão da ex-primeira-dama de Mato Grosso, Roseli Barbosa (na foro)Assistência Social. (Foto: Mayke Toscano / Secom-MT)