O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar
a Operação Lava Jato nesta segunda (17), durante um evento da Petrobras no Rio
de Janeiro para o anúncio de investimentos para a indústria naval brasileira.
Ele também disparou contra governos passados que, na visão dele, tentaram
enfraquecer a estatal para privatizá-la.
A estatal foi o principal alvo da operação deflagrada há 11
anos, quando se descobriu um grande esquema de corrupção que a levou perdas de
R$ 23,8 bilhões segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).
“O que estava em jogo naquele momento era a destruição da
indústria de engenharia desse país, e a tentativa de destruir a Petrobras
criando uma imagem negativa no mundo”, disparou Lula afirmando que se criou um
“caça-níqueis” contra os trabalhadores com o objetivo de enfraquecer a estatal
para privatizá-la.
Para ele, esse foi o caminho final de anos de tentativa de
privatizar a empresa, em que as subsidiárias foram sendo fatiadas e vendidas
com a alegação de que o governo gastava muito para manter essas operações, e
que sempre foi mais barato importar do que fabricar no país. Ele reforçou que
pretende ampliar a indústria nacional de suprimentos à estatal.
“[A Petrobras] tem a vocação de ajudar esse país”, pontuou
emendando que a fabricação de produtos como navios e sondas, entre outros,
ajuda na criação de emprego e renda ao país.
Lula também afirmou que a Petrobras não tem culpa do preço
cobrado pelos combustíveis – “três vezes mais” do que o valor que sai das
refinarias – e que era preciso ter uma estatal que os entregasse diretamente, a
ideia da antiga BR Distribuidora que também já foi privatizada.
“A depender de quem governa esse país, a Petrobras não é
levada a sério e vai tentar ser privatizada quantas vezes o povo brasileiro
votar errado. [...] A extrema-direita desse país ganhou a batalha contra o
papel do Estado, [de que] é corrupto, caro, não presta, que o que é bom é a
iniciativa privada que, muitas vezes, nós acreditamos”, disparou.
O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), foi
além e atacou o governo anterior do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
afirmando que investiu apenas R$ 15 bilhões em quatro anos na indústria naval e
de cabotagem, enquanto que o atual já aplicou R$ 45 bilhões em apenas dois
anos. “Só precisamos mostrar o que estamos fazendo”, disse pedindo que Lula
fique no governo por mais anos.
“O entreguismo irresponsável que vendia nossas refinarias,
que não investia na indústria naval e que fechada as nossas fábricas de
fertilizantes acabou. [...] Essa indústria que foi desmantelada pelo desgoverno
anterior”, emendou.
Silveira e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard,
redobraram a pressão para que o Ibama libere o licenciamento ambiental para a pesquisa
de petróleo na costa do Amapá, na chamada Margem Equatorial. “Estejam certos de
que, sendo possível a licença, nós teremos no Amapá o melhor aparato de
resposta a emergências já visto no mundo”, disse a executiva.
“A Petrobras já entregou os estudos complementares ao Ibama e chegou a hora de virar essa chave”, emendou Silveira.
Um pouco antes, a conselheira da estatal que representa os
trabalhadores no Conselho de Administração, Rosangela Buzzanelli, também foi
incisiva nos ataques à Lava Jato e afirmou que a indústria naval brasileira foi
“destruída” pela operação e que “cometeu injustiça com o nosso presidente”.
“E cá estamos resgatando a Petrobras que foi dilacerada pela
operação, uma operação que gerou mais de quatro milhões de desempregados e que
dizimou a nossa engenharia nacional”, completou.
O presidente da Frente Única dos Petroleiros, David Bacelar,
engrossou as críticas à Lava Jato e atacou Bolsonaro, afirmando que a operação
foi o início de um suposto “golpe” que levou também à demissão de milhares de
trabalhadores em 12 estaleiros operantes na época.
“Denunciamos, o golpe de Estado veio, o governo do
inominável, inelegível e que será preso em breve, sem anistia para os
golpistas, ele disse que trabalhador não tinha importância pra ele e destruiu a
indústria naval”, disparou.
Entre os anúncios feitos na cerimônia estão a segunda
licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras e
a assinatura de protocolos para o reaproveitamento de plataformas em fase de
desmobilização.
No evento, a Transpetro lançou uma licitação internacional
para a compra de oito navios gaseiros, com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14
mil metros cúbicos. Com isso, a frota de gaseiros da companhia será ampliada de
seis para 14 navios, atendendo à crescente demanda por gás natural no país.
A licitação foi dividida em dois lotes, impedindo que um
mesmo estaleiro vença ambos. O primeiro lote prevê cinco navios pressurizados
para transporte de GLP, enquanto o segundo inclui três embarcações
semirefrigeradas, aptas a carregar amônia.
Já o plano para reaproveitamento de plataformas prevê a
desmobilização de 10 unidades até 2029.