O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público Estadual (MPE), iniciou uma investigação preliminar para examinar possíveis influências do crime organizado na Câmara de Vereadores de Cuiabá. A iniciativa foi anunciada pelo procurador Domingos Sávio de Arruda nesta quarta-feira (13), por meio de suas redes sociais.
A decisão veio após declarações do prefeito eleito Abílio Brunini (PL), que afirmou que a facção Comando Vermelho (CV) estaria tentando influenciar a eleição da Mesa Diretora da Câmara, utilizando parlamentares para alcançar tal objetivo. “Uma boa notícia: o Ministério Público, por meio do Gaeco, já instalou uma investigação preliminar para apurar as declarações feitas pelo prefeito eleito Abílio Brunini, de que vereadores de Cuiabá foram eleitos com o apoio de organizações criminosas e que estariam, agora, tentando influenciar na definição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá”, publicou Domingos Sávio.
Na terça-feira (12), Domingos Sávio já havia manifestado a necessidade de investigação das acusações feitas por Abílio. Ele também destacou que há uma crescente preocupação com a infiltração do crime organizado na administração pública em diversas partes do Brasil. Para o procurador, as alegações de Abílio Brunini devem ser levadas a sério e não podem ser tratadas apenas como retórica política. “Certamente, a denúncia do prefeito eleito não é leviana e nem pode ser rotulada como mero discurso político, até porque seria lamentável que o discurso, o debate e o confronto político alcançassem esse nível de baixeza”, afirmou.
A investigação foi formalizada pelo promotor João Batista de Oliveira, do Gaeco, por meio de uma "notícia de fato". O prefeito eleito foi intimado para prestar esclarecimentos sobre o caso nesta quarta-feira (13). A notícia de fato é uma medida adotada quando a autoridade investigadora ainda não possui elementos suficientes para iniciar um Procedimento Investigatório Criminal. Caso surjam evidências concretas, a investigação poderá avançar para ações mais incisivas, como busca e apreensão, bloqueio de bens e até prisão preventiva dos suspeitos.
Recentemente, Abílio Brunini também comunicou o suposto envolvimento de facções na eleição de vereadores às autoridades de Segurança Pública do Mato Grosso e à Polícia Federal.