Em um ano, o número de mortes violentas intencionais sofreu uma redução de 5% em Mato Grosso. Pelo menos é o que mostrou o 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), lançado, ontem em São Paulo. No Estado, as mortes violentas caíram de 1.226, em 2015, para 1.172 ocorrências, em 2016. A taxa é de 35,5 crimes violentos por 100 mil habitantes. Em 2010, foram 949 ocorrências letais, o que representa um crescimento de 23% em sete anos.
No mesmo período de um ano, o número de latrocínios, o chamado roubo seguido de morte, subiu 21,6%. Conforme o estudo, os casos deste tipo de crime saltaram de 52 ocorrências, em 2015, para 64, em 2016.
Já os homicídios dolosos (quando há intenção de matar), outro importante termômetro da violência, tiveram uma redução 4,3%. De um ano para o outro, a queda foi de 1.121 para 1.806. Contudo, a taxa de assassinatos intencionais, em 2016, é considerada alta 32,6 por 100 mil habitantes.
Em nível nacional, o estudo mostra que os latrocínios cresceram 57,8% em sete anos no país. Em 2016 foram registrados 2.514 assassinatos cometidos durante o ato do roubo ou em consequência dele. Na edição anterior do estudo, divulgada em 2010, o número havia sido de 1.593. No estado, a variação é de 36%.
Ao todo, conforme o levantamento foram 61.619 mortes violentas intencionais no período, o maior número já registrado pela série histórica, e que só encontra similaridade na comparação com grandes tragédias, como a explosão da bomba atômica que devastou a cidade japonesa de Nagasaki durante a 2ª Guerra Mundial.
“É como se o Brasil sofresse um ataque de bomba atômica por ano. São dados impressionantes, que reforçam a necessidade de mudanças urgentes na maneira como fazemos políticas de segurança pública no Brasil. Não é possível aceitar que a sociedade conviva com esse nível de violência letal”, analisou Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do FBSP.
Especialistas entendem ainda que a alta generalizada nas ocorrências, especialmente, de latrocínios, tem relação com a crise econômica que o país tem enfrentado. Sem recursos, os estados reduziram os investimentos em estrutura e pessoal nos últimos anos.
Juntos, União, Estados e municípios despenderam R$ 81 bilhões com o setor, uma queda de 2,6% em relação a 2015. Os cortes promovidos pelo Governo Federal foram os mais significativos, com 10,3% a menos do que o montante utilizado em 2015. Os recursos destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública caíram 30,8% e os do Fundo Nacional Antidrogas, 64,8%. A exceção foi o Fundo Penitenciário Nacional, que teve acréscimo de 80,6% em 2016.
DESAPARECIMENTO – Desta vez, um dado inédito é o número de desaparecimentos. Em Mato Grosso, foram 1869 notificações de pessoas desaparecidas, em 2016. No ano anterior, eram 1.304. A taxa é de 56,5 para 100 mil habitantes. Entre as pessoas que somem, maioria é homem, de 18 a 64 anos.
No país, apenas no ano passado, os órgãos de segurança receberam 71.796 ocorrências de desaparecidos. Segundo o levantamento, foram ao menos 693.076 pessoas dadas como desaparecidas nos registros policiais no decorrer da última década.
A publicação do FBSP compila e analisa dados de registros policiais sobre criminalidade, informações sobre o sistema prisional e gastos com segurança pública, entre outros recortes introduzidos a cada edição. A publicação é considerada uma importante ferramenta para a promoção da transparência e da prestação de contas na área da segurança pública, influenciando a melhoria da qualidade dos dados por parte dos gestores.
Além disso, o anuário contribui para a produção de conhecimento, para o incentivo à avaliação de políticas públicas, para a introdução de novos temas na agenda de discussão do campo e para ações de incidência política realizadas por diversas organizações da sociedade civil.