O ex-secretário estadual de Fazenda, Marcel de Cursi, voltou a negar participação no esquema de retorno de propina no processo de desapropriação de um imóvel onde hoje é o Jardim Liberdade, na capital, em 2014. Ele foi último réu a ser interrogado pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na ação penal derivada da operação Sodoma 3.
Cursi é acusado de integrar uma organização criminosa que era liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que já admitiu a existência do esquema e contou como ele funcionava. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), a organização criminosa teria agido no governo entre os anos de 2011 e 2014.
A operação Sodoma 3 investigou o pagamento de R$ 31,8 milhões feito pelo governo pela desapropriação da área localizada nas imediações do Bairro Osmar Cabral, na capital. Segundo o MP, a organização criminosa recebeu um retorno de 50% do valor pago, dos quais R$ 10 milhões foram usados para pagar uma dívida que o ex-governador havia contraído com o empresário Valdir Piran. Interrogado nesta semana, Piran confessou ter recebido o dinheiro, mas disse que não sabia que o montante era de origem ilícita. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, mas negou o crime.
Durante todo o processo, Cursi negou ter envolvimento com a organização criminosa denunciada pelo MP e, diferente de outros réus no processo, não mudou de postura durante o interrogatório realizado nessa sexta-feira (28). Segundo o ex-secretário, as acusações feitas pelo órgão contra ele, nesse processo, são falsas.
"Eu não tenho participação nesses fatos. É até difícil falar sobre algo que você desconhece", afirmou Cursi, durante a audiência.
O ex-secretário ainda afirmou que autoridades com prerrogativa de foro estariam sendo poupadas na denúncia. De acordo com ele, alguns deputados são citados no processo como beneficiários do esquema que desviou mais de R$ 15 milhões por meio da citada desapropriação, mas eles não estariam sendo levados em conta na denúncia do MP.
"Existem pelo menos outras quatro pessoas com prerrogativa de foro dentro do processo. Os nomes estão lá e são valores significativos. E eles não aparecem na denúncia. Para você fechar as contas, previsa colocar algujém em susbtituição", afirmou.
A promotora de Justiça que atua no caso, Ana Cristina Bardusco, negou que deputados estejam sendo poupados e isentos de investigação."Isso está no processo, não é uma informação oculta", afirmou.