O professor universitário de bioquímica, Francisco José
Andriotti, de 52 anos, que foi preso pela Polícia Civil por crimes de
maus-tratos após deixar seus quatro cães da raça Husky Siberiano matarem um
gato em Juína (735 km de Cuiabá) alegou durante o depoimento que sofre de
problemas neurológicos. A defesa argumentou que na adolescência, Francisco
afirmou ter sido visitado por alienígenas que implantaram um chip em sua mente.
O argumento foi utilizado porque uma câmera de monitoramento
flagrou os cães atacando o felino, enquanto o professor segurava os animais por
uma guia, sem demonstrar qualquer reação para impedir o ataque dos cães ao
gato, que foi morto e deixado no meio da rua.
O juiz Vagner Dupim Dias, da 3ª Vara de Juína, em audiência
de custódia nesta quinta-feira (13), destacou que, apesar de o professor
aparentar estar lúcido durante a audiência e saber dirigir, a Defensoria
Pública apresentou um documento que sugere a necessidade de uma avaliação
médica. Por isso, determinou que o professor fosse submetido a um exame de
saúde mental e que o laudo fosse apresentado no prazo de 10 dias. O magistrado
concedeu liberdade provisória, arbitrando uma fiança de R$ 10 mil.
Conforme a defesa consta que o professor universitário
apresenta também ideias de grandeza e religiosas, acredita ter força aumentada
e ser um profeta de Deus, após ter conversado com ele. Ainda conforme as
informações, a esposa relata que sintomas de humor já estavam presentes antes
do TCI (Trauma Crânio-Encefálico) que ele sofreu em 2019, após um acidente de
moto, evoluindo com fratura na área fronto-temporo-parietal do crânio e com
hematoma subdural, que teve que ser drenado cirurgicamente no Hospital
Beneficência Portuguesa em São Paulo, onde evoluiu com infecção cirúrgica,
precisando ser submetido a nova cirurgia.
"Atesto para fins de comprovação ao INSS que o paciente
supracitado, professor universitário de bioquímica, 50 anos, apresentando
oscilações de humor importantes, intensa irritabilidade, delírios persecutórios
e místicos, acredita que tenha sido visitado por alienígenas quando era
adolescente e que foi implantado um chip em sua mente. Apresenta também ideias
de grandeza e religiosas, acredita ter força aumentada, e ser um profeta de
deus, após ter conversado com ele", consta em trecho do documento.
A mulher relata também que os sintomas dele pioraram em
intensidade e frequência após o acidente, se tornando uma pessoa agressiva e
instável, com rompantes de raiva, que causaram um grande impacto em sua vida
conjugal e laboral, visto que ele foi demitido de múltiplos empregos como
professor devido a atritos com alunos. Devido à gravidade dos sintomas e ao
difícil manejo do paciente, reconheço que existe um importante prejuízo
funcional, com riscos para si e para terceiros. O documento indica que ele usa
os medicamentos Carbamazepina 200 mg 1-0- 1 e Risperidona 2 mg 0-0-2.
‘’No que se refere á fiança, entendo que sua fixação no
importe de 10 mil reais se mostra razoável considerando o valor dos animais
envolvidos no crime, que são da raça Husky Siberiano, além do custodiado ser proprietário
de uma camionete Hilux e possuir um imóvel em São Paulo com renda passiva, isso
sem contar a renda do INSS em razão de sua, segundo alega, aposentadoria por
invalidez.Destaque-se que a fiança visa assegurar o comparecimento do indiciado
aos atos do processo, respeitando a proporcionalidade do fato e a sua condição
financeira, sem prejudicar a garantia da ordem pública, podendo, inclusive
servir para amenizar, ainda que em patamar mínimo, uma indenização à vítima,
que poderá buscar outros ressarcimentos na seara própria.Ante o exposto,
concedo a liberdade provisória ao indiciado Francisco José Andriotti
Prada", escreveu o juiz Vagner Dupim na decisão.
O ataque foi flagrado por uma câmera de segurança na última
quarta-feira (12). As imagens mostram que o gato tentou fugir dos cachorros
pulando o muro, mas não conseguiu e foi capturado pelos animais e estraçalhado
até a morte. O dono dos animais, por sua vez, não tentou poupar a vida do gato
e nem tentou cessar o ato instintivo dos cachorros.