O colunista político Reynaldo Azevedo – que já escreveu para a Revista Veja, Folha de São Paulo e outros veículos de imprensa de alcance nacional -, chamou o ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sílvio Corrêa, de “Joesley do Mato Grosso” em artigo publicado em sua página na última sexta-feira (22).
Azevedo faz alusão a Joesley Batista, um dos proprietários do Grupo JBS, que teve seu acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) anulado após áudios obtidos pelas investigações da operação “Lava-Jato” darem conta de que ele omitiu fatos em seu depoimento, como a compra de uma organização norte-americana, em 2009, por US$ 2 bilhões – dinheiro que teve origem em aporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“E o que conta, sem saber que estava sendo gravado, mais este bandido premiado de Janot, numa gravação de 1 hora e 24 minutos? O homem diz que:
– os R$ 500 mil que teria de devolver aos cofres públicos ficariam a cargo de Silval Barbosa, o chefão da gangue;
– tem um garimpo, que lhe garante a boa vida, o que ocultou da PGR;
– que, na delação, só falou “o que quis”;
– que Silval Barbosa teria dito a um interlocutor seu: “Se me prender, pode ficar tranquilo, que eu tenho… tô com a mala pronta, tá com documentos, no outro dia todo mundo cai’;
– que a gravação em que o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), aparece guardando maços de dinheiro foi feita “em contexto diferente” e só incluída no caso para que as denúncias ganhassem visibilidade;
– que um dos valores recebidos, de R$ 20 mil, destinava-se a pagamento de dívida com o empresário Marco Polo Pinheiro, irmão do prefeito e dono do Instituto de Pesquisa Mark”, diz trecho do artigo.
Reynaldo Azevedo repercute a gravação de um diálogo entre o ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme-MT), Alan Zanata, com o próprio Sílvio Corrêa. Chamado para uma “conversa” com o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Zanata, que hoje mora em Goiânia (GO), usou um gravador oculto para registrar o encontro.
Nele, Sílvio confirma que as imagens veiculadas em reportagem do Jornal Nacional do dia 24 de agosto, que mostram o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), colocando maços de dinheiro vivo no paletó, foram gravadas “em contexto diferente”.
As gravações de deputados estaduais recebendo suposta propina foram feitas pelo próprio Sílvio Corrêa, que instalou uma câmera escondida em seu gabinete para fazer o “flagrante”. As imagens fazem parte do acordo de colaboração firmado por ele e pelo ex-governador Silval Barbosa com a PGR – daí a relação estabelecida por Azevedo, que também vem criticando a operação “Malebolge”, da Polícia Federal (PF), que baseada nas informações dos depoimentos de colaboração de Sílvio e Silval, executou mandados de busca e apreensão contra o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), no último dia 14 de setembro.
“Notem que o que vai na gravação não é coisa muito distinta do que aquilo que se deu com a JBS: bandidos percebem que podem manipular à vontade o Ministério Público Federal. Sequiosos por uma denúncia e por envolver o nome de pessoas graúdas em supostas falcatruas — no caso, tenta-se enredar Maggi — os senhores membros do MPF e a PGR topam qualquer parada”, disse o colunista.
Azevedo critica, ainda, o ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, além do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que homologou as delações de Sílvio e Silval, Luiz Fux – a quem o colunista afirma que tem o único interesse de “buscar os holofotes”, dizendo que o STF vem autorizando “novos crimes sob o pretexto de se combaterem crimes”.
“Pode ter curso um processo eivado de ilegalidades, falcatruas, malandragens e, naquele caso, inconstitucionalidade? Enquanto a Corte disser que sim, novos crimes serão cometidos sob o pretexto de se combaterem crimes”.