Os indígenas Rikbaktsas se reuniram em frente à sede da Funai de Juína/MT e pediram explicação e punição no caso em que um indígena foi baleado numa propriedade rural do município na madrugada da última quinta-feira, dia 10 de setembro.
Aproximadamente 30 indígenas manifestaram pacificamente em frente ao órgão. Eles pediram ajuda à Funai. Segundo o índio Pudata Rikbaktsa, o motivo da revolta é que a vítima baleada foi pedir uma ajuda numa chácara na beira da estrada e simplesmente o cidadão pegou e alvejou ele com tiros. "Nós ficamos pensando né muita gente vai na beira do rio pescando, será que nós teremos que fazer isso também entendeu? Então uma pergunta: Por que as autoridades não tomaram providência, a própria polícia? Nós estamos revoltados com isso estamos muito preocupados com essa situação com o jovem que foi alvejado sem poder se defender, por que o cara também não prestou socorro simplesmente atirou e acho que não precisava disso. Estamos deixando bem claro se mais uma vez isso acontecer ai nós também somos obrigados a fazer do mesmo jeito, de vez em quando vão invadir a nossa terra para pescar, caçar e muitas vezes não fizemos isso simplesmente nós respeitamos e nós vamos ter que procurar essas autoridades para que nos informem” – relatou.
O coordenador da Funai informou a nossa equipe de reportagem que não pode conceder entrevista, ele foi cobrado pelos indígenas para que acompanhe o caso. "Se a Funai não tomar providência, nós tomaremos a nossa providência " comentou Pudata. Ele também afirmou que segundo familiares da vítima ela está se recuperando bem no hospital e que a própria Funai já foi visitá-la.
Para o cacique Jaime Rikbatsa, independente do que seja, o tiro não justifica." Você já pensou se essa moda pega, quantos amigos brancos que nós temos e vão pescar na reserva e quantos pescadores fraudam peixes dentro da reserva, será que toda noite que vamos fiscalizar terra indígena e vamos chegar atirando? Por que ele atirou? Se ele foi pedir ajuda não deveria ter ajudado? Ou com a própria arma chegar nele e perguntar o tipo de ajuda que ele queria? E não chegar atirando chamando o cara de bandido. Ele não é bandido, o histórico dele dentro da comunidade é tranquilo. Nós queremos justiça acredito que a Funai vai estar apoiando se a polícia não esclarecer o fato real nós vamos ter que resolver da nossa forma"- concluiu o cacique.
O site Juína News divulgou em reportagem anterior, que o homem que atirou no indígena é um vaqueiro, de 43 anos, que foi localizado pela polícia civil. Ele relatou que na madrugada viu uma pessoa correndo em direção ao transformador e se escondeu, e nesse momento disparou dois tiros na área que estava escura e após isso não ouviu mais nenhum barulho na propriedade e entrou.
Segundo a polícia civil, a arma de fogo é registrada, e o vaqueiro vai responder por crime de lesão corporal grave.
O caso
O caso foi registrado na madrugada desta quinta-feira (10/9) quando o indígena foi atingido por disparos de arma de fogo próximo ao projeto desafio jovem Ebenezer, que fica um pouco mais de 20 km de Juína, MT.
À PM, o índio relatou, que estava de motocicleta quando o veículo estragou, ele foi pedir ajuda numa propriedade quando acabou sendo baleado. Depois foi até outra casa e pediu ajuda ao proprietário que o socorreu trazendo para a unidade de saúde.