100% SUS, Santa Casa será entregue hoje e não terá porta aberta

 



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100% SUS, Santa Casa será entregue hoje e não terá porta aberta

DIÁRIO DE CUIABÁ

22 de Julho de 2019 as 20:23

 

O Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, será inaugurado oficialmente hoje (23). Com 242 leitos, a nova unidade hospitalar ocupará o prédio da antiga Sociedade Beneficente Santa Casa de Misericórdia, instituição filantrópica que fechou as portas no dia 11 de março deste ano após 200 anos de funcionamento. A partir de agora, 100% dos atendimentos passam a ser feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e começam a ser realizados, efetivamente, na próxima segunda-feira (29). Mas, não terá porta aberta, ou seja, a população não poderá ir até o local por conta própria em busca de assistência. 

Além de amenizar o déficit de leitos hoje em torno de 500 vagas, a expectativa é reduzir a demanda de ações judiciais em áreas como as de cirurgias neurológicas pediátricas. A inauguração ocorre em evento realizado pelo governador Mauro Mendes, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o secretário de Saúde (Ses-MT), Gilberto Figueiredo, entre outras autoridades. Ainda ontem, Mandetta estaria visitando a Santa de Casa de Rondonópolis (210 quilômetros, ao sul de Cuiabá), que também está com dificuldades financeiras. 

Mas, antes de entrar em funcionamento, é necessário um prazo de ao menos dois dias para cumprir os procedimentos de desinfecção. A previsão de custo mensal é da ordem de R$ 13 a 15 milhões, recursos oriundos dos governos estadual e federal. Secretária adjunta executiva da Ses, Danielle Carmona irá acumular a função de diretora geral do Hospital Estadual. “Nós, reabriremos a porta para internação e cirurgias na primeira segunda-feira logo após o evento de amanhã (hoje). Atendendo um protocolo temos que fazer a desinfecção. Mas, a partir de segunda-feira, nossa equipe já está planejamento as primeiras cirurgias eletivas e já vamos estar recepcionando os pacientes no pronto-atendimento na área de pediatria, na área das UTIs e nos tratamentos de oncologia e nefrologia”, informou ontem o secretário Gilberto Figueiredo, durante visita técnica ao prédio da unidade hospitalar. 

Conforme Figueiredo, os pacientes serão regulados pela Central de Regulação ou referenciados por unidades de emergências, como policlínicas ou unidades de pronto atendimentos (UPA), localizadas nos municípios mato-grossenses. A estimativa é de que, além das cirurgias já previstas de alta complexidade, sejam realizadas em torno de 180 cirurgias por mês, de média e baixa complexidade. 

Para o início das atividades, também já foram contratados 300 funcionários das áreas de enfermagem, administrativa, fisioterapia, nutrição clínica, maqueiros, psicologia e assistente social. Desse total, cerca de 120 eram funcionários da antiga Santa Casa. Tombado como patrimônio histórico pelo Estado, o prédio da instituição filantrópica passou por reforma no telhado, pintura, troca de piso e nas redes elétrica e hidráulica. A manutenção ainda não está finalizada e, até o momento, está orçada em cerca de R$ 1,5 milhão. 

O Hospital Estadual iniciará com atendimentos nas áreas de oncologia (tratamento de câncer), nefrologia (hemodiálise), UTIs adulto, pediátrica e neonatal, pronto atendimento infantil, cirurgias pediátricas e geral. Também serão ofertados serviços de apoio e diagnóstico terapêutico (SADT), como tomografia, raio-x, ultrassonografia, densitometria óssea, cateterismo, ressonância para crianças, hemoterapia, exames laboratoriais clínico e de anátomo-patológico, que é usado para o diagnóstico preciso de doenças. 

Conforme a assessoria da Ses, há uma segunda etapa, prevista para 30 dias após a reabertura, em que a unidade passará a ofertar mais serviços à população, atendendo também nas áreas de cardiologia, vascular, ortopedia pediátrica, neurocirurgia pediátrica e cirurgias gerais de média complexidade. No geral, o hospital contará com 242 leitos, sendo 30 leitos de UTI (11 do tipo adulto, 10 pediátricos e 09 neonatal), 22 leitos de pronto atendimento infantil, 61 leitos de pediatria (clínica e cirúrgica) e 129 leitos de internação adulta (clínica e cirúrgica). O centro cirúrgico possui parque tecnológico moderno com 10 salas de cirurgias e 10 leitos de recuperação pós-anestésica (RPA). 

Após uma grave crise financeira, o hospital mantido pela Santa Casa de Misericórdia, a mais antiga unidade de saúde da capital, fechou as portas no dia 11 março deste ano, ocasião em que deixou de prestar atendimentos aos pacientes do SUS. Após o fechamento, o governo do Estado decretou, no dia 2 de maio, a requisição administrativa dos bens e serviços do hospital assumindo o controle da unidade por um período de 30 meses. Os valores que o Estado passou a pagar para poder utilizar a estrutura e os equipamentos da unidade estão sendo destinados, de forma preferencial, para o pagamento dos salários atrasados dos funcionários. 

DÉFICIT - Secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo reconhece a falta de leitos para atender os pacientes do SUS, em Mato Grosso. “Nós, temos um déficit substancial de leitos no Estado. Nós precisamos de quase 500 UTIs para suprir toda a densidade populacional do Estado. Essa é uma iniciativa necessária, prioritária que ameniza a situação do momento, mas logicamente não será apenas essa iniciativa que resolve o problema da saúde. Estamos torcendo para que novo Hospital Municipal de Cuiabá comece a operar com a sua capacidade máxima logo para ajudar nessa questão. Nós, torcemos muito para que outras instituições melhorem a sua performance e o Estado assim que resolver o seu problema de contingenciamento financeiro vai investir de forma substancial também para melhorar a estrutura existente hoje”, disse. 

Diante desse cenário, o fechamento da Santa Casa resultou no aumento da judicialização na área da saúde. “Nós chegamos a ter um crescimento de quase 50% das demandas judiciais nesse período. Na data (maio passado) que antecedeu a decisão do Estado pela requisição administrativa nossos custos já chegavam a quase R$ 10 milhões com as ações judiciais. Esse é um hospital que vai amenizar essas decisões judiciais e nós vamos aqui operacionalizar ações que até então o governo do Estado não fazia, como é o caso das cirurgias neurológicas pediátricas, que a gente gasta muito mandando pacientes para fora e nós vamos adotar aqui. Estamos em fase de aquisição de equipamentos e contratação de profissionais para resolver essa necessidade”, afirmou Figueiredo. 












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