O impacto da nova tabela do frete para o transporte do milho safrinha de Mato Grosso supera a variação anunciada recentemente pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), que no dia 24 de abril aprovou reajuste de 4,1% aos preços mínimos do frete. Sobre o cereal a majoração chega a 5,5%, considerando apenas a nova tabela.
O aumento do frete chama atenção do produtor mato-grossense, sobretudo para o milho, visto que, com a aproximação da colheita da safra 2018/19, a relação frete/milho, em que se calcula quanto o preço do frete representa do preço do cereal – atualmente em 76,8%, tende a aumentar ainda mais neste período, podendo trazer um difícil cenário nos custos para escoar a nova safra.
Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o custo por quilômetro rodado divulgado na nova tabela sofre alterações. O frete mínimo entre Sorriso e Santos, cuja distância média é de 1.995 km – considerando um caminhão de nove eixos – passou de R$ 276,9 por tonelada (t), conforme a tabela divulgada em janeiro desse ano, para R$ 292,1/t nesta nova atualização, o que representa um aumento do frete mínimo de 5,5%. “Essa variação traduz o impacto direto, sem contar com pedágio e outros custos inerentes ao transporte nessa distância”, destacam os analistas.
Conforme a ANTT publicou a atualização da tabela de preços mínimos do frete rodoviário, se deu após a cotação do diesel avançar 10,7% desde a última atualização, em janeiro.
Além da tabela do frete, o produtor mato-grossense adicionou um novo custo dentro da planilha do milho safrinha: o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) que passou, desde janeiro, a taxar o cereal.
Desde 1º de fevereiro todo volume comercializado em Mato Grosso – mesmo que de safras passadas – será taxado para vendas fora do Estado e do país. O Fethab tira cerca de R$ 0,50 por saca negociada. Produtores já anunciam que para 2019/20, a área plantada será reduzida, afetando parte da geração de renda, busca e investimentos por tecnologia e até empregos gerados no campo, pela cultura e sua cadeia.
As mudanças no Fethab acrescentam cerca de R$ 600 milhões a mais ao saldo gerado pelo encargo, quando comparado ao Fundo que vigorou até dezembro do ano passado. A estimativa do governo de Mato Grosso é contabilizar anualmente cerca de R$ 1,5 bilhão com a taxação do agronegócio, sendo que 30% do valor arrecadado, por força da lei, deverá ser aplicado em infraestrutura. O Fundo foi instituído em 1995 para ser uma nova via de arrecadação para fazer frente às obras e serviços de transportes, habitação, bem como para o desenvolvimento da agricultura e pecuária. O encargo ‘visionário’ sobre o segmento atinge em cheio o Estado que detém a maior produção agrícola e o maior rebanho bovinos do país.