O caso de maior repercussão mundial, que envolve o médium João de Deus, preso em Abadiânia-GO suspeito de abusos sexuais durante tratamentos espirituais, está provocando diversas denúncias de casos semelhantes país a fora.
Em Juína (735 km de Cuiabá), um grupo de mulheres procurou a reportagem para denunciar o terapeuta holístico Antônio Monteiro, ex-vereador, que teria cometido assédio e abusos sexuais durante às sessões. O terapeuta garante em divulgação nas redes sociais, ter mestrado em Reiki e promete tratamento contra o estresse, depressão, coluna entre outros, atende na própria residência, local onde teriam acontecido os abusos.
À reportagem teve acesso a documentos e entrevistou mulheres que afirmam categoricamente ter sofrido algum tipo de abuso. Foi apurado até agora que existem pelo menos três Boletins de Ocorrência registrados na Polícia Civil de Juína contra o terapeuta.
Uma das vítimas com problemas nos olhos, explica que procurou o terapeuta em busca de tratamento para fortes dores de cabeça, consequência de um acidente sofrido há 18 anos. “Sinto muita dor nas minhas vistas e ele falou que ia me curar. Eu fiz 20 terapias e 6 cirurgias [cirurgias espirituais]. Ele me cobrou R$ 1.800,00 parcelado, porém após sofrer os abusos dele, arrumei um dinheiro para pagar tudo e não ver mais a cara dele”, detalhou.
Outra vítima contou que durante às sessões de terapia, Monteiro teria tocado nas partes íntimas. “Em vez de colocar as mãos em cima, ele coloca por dentro dos seios e fica com as mãos em cima do bico do seio da gente, dá pra sentir meio que puxando, é muito desconfortável né? Na parte de baixo, ele fala que vai ver a circulação e coloca a mão em cima da vagina e fica mexendo, dá pra perceber que ele fica tentando excitar a gente! ”, relatou.
A denunciante ainda afirma que além dos abusos sexuais que teria sofrido, o terapeuta que exigiu 30 sessões de terapia e 5 cirurgias espirituais pelo valor de R$1.900,00, teria feito uma pressão psicológica. “Durante o período de tratamento não pode ter relação sexual, ele frisa isso um monte de vezes, que não pode, e que ele vai olhar pra ver se teve ou não teve”.
O terapeuta, segundos às vítimas, prometia cura. “Ele falou que não adianta procurar médico que promete que vai curar, mas que não fica bom, e que ele cura”.
Em outro caso, ele teria mandado suspender a medicação prescrita pelo médico. “Falei pra ele que tomo um comprimido por dia, remédio controlado porque sinto muita dor de cabeça, falei assim: ‘posso continuar tomando o remédio? ’- e ele falou que não precisa tomar porque ia me intoxicar”, contou a mulher que afirmou não ter seguido a ordem do terapeuta a pedido da mãe.
Abalada, a mulher se emociona ao lembrar dos fatos. “É muito triste, um homem fazer isso, ele tem que respeitar a mulher...”.
Às vítimas que denunciaram o caso à reportagem, acreditam que outras mulheres podem ter sido abusadas pelo terapeuta, mas com medo ou vergonha, deixam de procurar a polícia. A reportagem apurou que a Polícia Civil já está investigando o caso que corre em segredo de justiça.
Antônio Monteiro, 66 anos, foi vereador entre os anos 2001 e 2004. Ligado à igreja católica, era ministro extraordinário da comunhão, (quando um leigo a quem é dada permissão, de distribuir a hóstia aos fiéis), mas teria sido afastado após os boatos de abusos circularem na comunidade, segundo uma fonte.
O OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, Antônio Monteiro preferiu não dar entrevista, mas por telefone, negou veementemente às acusações. Disse que não recebeu nenhuma intimação policial e que seu trabalho é extremamente sério. Afirmou estar com a consciência tranquila, que nos 31 anos que mora em Juína, nunca teve nenhum problema e que às acusações não passam de falso testemunho, com intuito, segundo ele, de difamá-lo.