A casa que foi alvo do cumprimento de mandados de busca e apreensão no condomínio Florais Cuiabá pertence ao empresário Osvaldo Tamura, sócio da Ginco Construtora. Agentes cumpriam mandados emitidos contra os alvos da 3º fase da Operação Polygonum, deflagrada na manhã desta segunda-feira (3) pela Polícia Judiciária Civil (PJC) e que apura fraudes no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
No caso, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do empresário. Em nota, a empresa confirmou o cumprimento do mandado de busca e apreensão, mas negou que a Ginco seja um dos alvos.
No texto divulgado, a empresa informa que o mandado foi contra um de seus sócios e que se refere a uma área rural pertencente a ele. Em uma casa do bairro Morada da Serra, em Cuiabá, a Polícia apreendeu uma grande quantidade em dinheiro, folhas de cheque, uma pistola .40.
O balanço deverá ser divulgado no período da tarde. No total, a polícia cumpre mandados nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Barão de Melgaço, Nossa Senhora do Livramento, Sinop e Colíder.
A investigação está sendo realizada em segredo de Justiça. Até o momento, as informações divulgadas pela PJC dão conta de que seis escritórios de engenharia florestal e de administração de fazendas, além de nove residências, são alvos da Operação. Além disso, a PJC divulgou que três veículos foram sequestrados pela polícia por, supostamente, serem frutos de corrupção e lavagem de dinheiro.
O esquema consistia na manipulação do sistema que gerencia a área de fazendas, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), e que estipula o território de preservação ambiental, de desmatamento legal, e de plantio.
De acordo com a SEMA, a 3ª fase da operação é resultado da auditoria que a Secretaria vem fazendo, desde agosto, em 595 cadastros ambientais rurais que estão sob suspeitas de terem sido fraudados.
Os detalhes do esquema de fraudes no CAR foram fornecidos pela engenheira florestal Patrícia Moraes Ferreira, ré em uma ação derivada da 2ª fase da operação. Ela firmou acordo de colaboração premiada. A engenheira entregou informações que apontaram a prática de crime ambiental contra a empresária e técnica agropecuária, Luana Ribeiro Gasparotto, dona da Proflora Engenharia e Consultoria Ambiental e que se passava por engenheira. O esquema envolveu servidores da Sema, incluindo o ex-superintendente, João Dias Filho.
A 1ª fase foi deflagrada em agosto. Na época, a polícia cumpriu quatro mandados de prisão e seis de busca e apreensão. Os alvos dos mandados de prisão na época foram João Dias Filho, a empresária Luana Ribeiro Gasparotto, a engenheira – e agora delatora – Patrícia Moraes Ferreira, e a também engenheira florestal Valdicleia Santos da Luz.
De acordo com as investigações, as duas engenheiras apresentavam à Sema relatórios técnicos falsos de tipologia vegetal, alterando, por exemplo, o tipo de flora presente em determinadas áreas. Um dos exemplos é a apresentação de territórios como cerrado, quando na verdade, a região é de floresta.
Isso porque o Código Florestal estipula que 80% de uma área tipificada floresta deve ser preservada, se dentro da Amazônia Legal, o que é o caso de Mato Grosso. No caso de a vegetação ser classificada como “cerrado”, a mesma legislação determina que 35% de sua vegetação nativa deve ser mantida. Por isso o interesse na fraude, para ampliar a área de desmatamento legal.
O ex-superintendente João Dias Filho foi solto cinco dias após ter sido preso, porém, na deflagração da 2ª fase da operação, ele voltou a ser preso. Ele foi exonerado pelo governador assim que o 1º mandado de prisão foi cumprido.
O nome “Polygnum” é em referência a medidas geométricas de áreas, referenciadas e utilizada em cálculos de desmatamento.
CONFIRA A NOTA DA GINCO
A Ginco Urbanismo LTDA informa que não é alvo da operação Polygonum, realizada nesta segunda-feira (03).
Confirmamos que um dos sócios da empresa prestou informações sobre uma área rural de propriedade particular dele, no interior do estado, não tendo nenhuma relação com os negócios da empresa.