Foto divulgaoA Comissão do Conselho Municipal de Saúde de Brasnorte ouviu mais de 50 mulheres no caso que envolve possíveis agressões físicas e abusos sexuais, do total, pelo menos 30 teriam confirmado algum tipo de abuso praticado pelo médico cirurgião Nilson Domingues. A comissão ouviu também relatos de envolvimento do sobrinho dele, Fábio de Oliveira Martins que também é médico. Além deles, os servidores Luís Batistão, Paulo Roberto Ramos e Edmilson dos Santos são citados pelas vítimas.
O Repórter em Ação teve acesso com exclusividade a um dos depoimentos. Nele, a vítima afirma que os fatos eram de conhecimento dos superiores Larissa Calábria de Carvalho, diretora do hospital; Paulo Cesar Akira, diretor clínico; o enfermeiro Eberson Vogel, responsável pelo RT; e até o secretário de Saúde Márcio Papaduik, segundo ela, sabiam dos fatos.
Segundo o relatório da comissão que ouviu às vítimas entre os dias 27 e 29 de junho, às mulheres estavam com medo, relataram sofrer represália dentro de seus setores de trabalho, assédio moral, sexual e agressões físicas.
Em um dos casos, a vítima afirmou à comissão que o médico Nilson Domingues de Oliveira era muito “grosso” com os pacientes e colegas de trabalho. No mesmo depoimento, a mulher contou que o também médico Fábio Oliveira Martins a agarrou pelo braço e segurando suas mãos com força deu um beijo na boca. A testemunha disse que o médico chegava alcoolizado no hospital, e que ao agarrar a vítima, a deixava inclusive com hematomas.
Outro trecho do relatório diz. “Em outra situação, o médico agarrou-a jogando a mesma em cima da maca, tudo aconteceu sem o consentimento das vítimas. Dando continuidade, a vítima relatou que sofreu agressões físicas e assedio moral como tapa na bunda, mordida, puxões no braço e outros”.
Em relação aos demais funcionários, a vítima também deu detalhes. “Os assédios, físicos, sexual, moral e verbal sofrido por parte dos motoristas Luís Batistão e Paulo Roberto Ramos, e segundo às vítimas, Edmilson dos Santos mostrava vídeos pornográficos”, relatou.
Em outro ponto do relatório, a vítima contou que no dia 21 de maio deste ano no Posto de Emergência, o motorista Luís Batistão, que estava de plantão, porém com dor, tomava medicamento deitado numa maca, quando chamou uma funcionária e disse, “o amiguinha vem cá”. Quando a mesma se aproximou, Luís teria colocado a mão por baixo do sutiã dela até a metade do seio. A vítima contou que ficou muito irritada, pediu respeito, virou-se e saiu de perto.
Após ouvir os relatos, a comissão sugere que os médicos Nilson Domingues de Oliveira e o sobrinho dele, Fábio de Oliveira Martins, sejam exonerados do quadro de funcionários da prefeitura, e que seja instaurada uma sindicância para apurar os fatos e aplicar as devidas punições em relação aos demais servidores.
Embora às vítimas tenham informado que os superiores sabiam das denúncias, não houve nenhuma manifestação da comissão a esse respeito no relatório que a reportagem teve acesso.
Nesta terça-feira, o prefeito Mauro Rui confirmou a saída da diretora do hospital Larissa Calábria de Carvalho, mas negou que tenha sido devido às denúncias. "Outras mudanças acontecerão, aproveitamos esse momento para organizar toda a saúde de Brasnorte. Nós não vamos mais admitir mal atendimento, assédio é uma coisa inaceitavél", prometeu.
O relatório é assinado pela presidente da comissão Maria Muniz, pela relatora Terezinha da Costa e o membro Sebastião Rebeca.
A denúncia veio à tona no dia 26 de junho numa entrevista do vereador Reginaldo Ribeiro (PSD), popular Carreirinha, à Band FM Brasnorte.
“Às vítimas estão abaladas e com muito medo, mas eu não vou permitir que esse criminoso continue cometendo esses abusos, já protocolei denúncia no MP, e espero que essas mulheres não tenham medo, que denunciem que ajudem a punir esse cidadão, e deixo aqui meu recado, eu não tenho medo desse tipo de gente. Vou defender o povo até que eu tiver forças, e as mulheres que foram vítimas, saibam que vocês podem e tem o direito de manter sigilo sobre suas identidades, não permitam que esse safado continue a fazer vítimas: denuncie” alertou na época.
O prefeito Mauro Rui, assim que tomou conhecimento dos fatos determinou o afastamento temporário do médico. “Assim que tomei conhecimento das denúncias através dos vereadores Reginaldo Ribeiro e Ricardo Nogueira, ambos da base aliada, entramos em contado com o conselho de saúde, pedimos a formação de uma comissão imediatamente para apuração dos fatos, e para garantir a integridade não somente dos denunciantes, mas também do próprio profissional Doutor Nilson Domingues, decidimos pelo afastamento temporário” declarou.
O prefeito esclareceu ainda que o pedido de afastamento do profissional se deu direto com a empresa que realiza a contratação dos médicos que compõem o quadro do hospital.
“Dr. Nilson Domingues é um excelente profissional, possui um histórico muito bom, eu não posso fazer julgamentos precipitados, as denúncias são graves e por isso pedimos ao conselho que faça um trabalho transparente, quero eu acreditar que isso não tenha ocorrido, mas se houve abusos nós tomaremos providências, mas para isso vamos esperar as investigações serem concluídas” enfatizou o prefeito.
Questionado pela reportagem, o prefeito confirmou que havia sido procurado por alguma mulher, possível vítima do médico.
“Eu conversei com uma mulher por telefone de fato ela deu a entender que algo nesse sentido teria acontecido no hospital, eu não quero aqui trazer nenhum tipo de prejuízo ao profissional médico, e nem duvidar das denúncias das servidoras e mulheres pacientes, por tanto caberá ao conselho apurar os fatos” complementou.
A reportagem não conseguiu contato com os citados, porém se coloca à disposição para ouvir suas versões sobre os fatos.
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