As famílias das vítimas dos trabalhadores rurais assassinados em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, em abril deste ano acompanharam a audiência do caso na Justiça. Nesta segunda-feira (27), o juiz Ricardo Frazon Menegucci, da Vara Única de Colniza, começou a ouvir testemunhas, peritos e réus sobre a chacina ocorrida na gleba Taquaruçu do Norte. Essa é a primeira audiência de instrução e julgamento dos quatro acusados do crime.
A audiência começou por volta das 14h [15h horário de Brasília] expectativa era de que 13 testemunhas fossem ouvidas. No entanto, até a publicação desta reportagem quatro pessoas haviam prestado depoimento.
Ao todo, cerca de 30 pessoas acompanharam a audiência do lado de fora do fórum. A audiência foi transmitida para que eles pudessem assistir.
Segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), durante a audiência, que será realizada no Tribunal do Júri do Fórum de Colniza, serão ouvidas as testemunhas, os peritos prestarão esclarecimentos e, ao final, os réus serão interrogados.
Das testemunhas previstas para a audiência comparecem ao fórum as testemunhas de acusação Ricardo Sanches, Darlan Silva de Oliveira, Marduqueu dos Santos Mateus, Elianei Gomes da Rocha e Heliovan Gomes da Rocha. No lado das testemunhas de defesa estão Leandro Machado, Ranigleice Oliveira da Silva, Fabiano Thiel, Juraci Boa Sorte Pereira, Gilberto Luiz Vicensi e Dejair Camara Erbst.
Foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e constam como réus no processo o empresário do ramo madeireiro Valdelir João de Souza, de 41 anos, apontado como mandante do crime, o ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia Moisés Ferreira de Souza, Ronaldo Dalmoneck, Pedro Ramos Nogueira e Paulo Neves Nogueira – sendo esses dois últimos tio e sobrinho.
Ainda segundo TJMT, a defesa de um dos réus solicitou que duas testemunhas fossem substituídas, mas o juiz indeferiu o pedido e determinou que ela fossem ouvidas. Por outro lado, as testemunhas de acusação pediram para não depor na presença dos réus. O pedido foi deferido.
Consta na denúncia que, no dia da chacina, Pedro, Paulo, Ronaldo e Moisés, a mando de Valdelir, teriam seguido até a Linha 15 - onde ocorreu a chacina - e, com o uso de armas de fogo e arma branca, executaram Francisco Chaves da Silva, 56, Edson Alves Antunes, 32, Izaul Brito dos Santos, 50, Aldo Aparecido Carlini, 50, Sebastião Ferreira de Souza, 57, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, Samuel Antonio da Cunha, 23, Ezequias Santos de Oliveira, 26, e Valmir Rangel do Nascimento, de 55 anos.
A motivação dos crimes seria a extração de recursos naturais da área. Com a morte das vítimas, a intenção do mandante era assustar os moradores e expulsá-los das terras, para que ele pudesse, futuramente, ocupá-las. No dia do atentado, os denunciados foram reconhecidos pelas testemunhas, conforme o MP.
Segundo o MP, o grupo de extermínio percorreu aproximadamente 9 km ao longo da Linha 15, assassinando, com requintes de crueldade, aqueles que encontraram pelo caminho, sem dar chance de fuga ou defesa.