A falta de chuvas regulares em Mato Grosso afetou a produção de soja na safra 2023/2024, que deve ter uma queda estimada de 15%, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). A entidade informou que há casos isolados de produtores que perderam 50% da plantação, mesmo com o replantio de áreas afetadas pela seca.
O plantio da oleaginosa foi praticamente encerrado no estado, em uma área de 12,2 milhões de hectares, mas a produção está prevista em 43,7 milhões de toneladas, abaixo das 45 milhões de toneladas colhidas na safra anterior, apesar da expansão da área cultivada, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
“Se o clima persistir da maneira como está, a queda poderá ser maior que 10% e chegar a 15%. Alguns produtores falam em quase 50%. Tem produtor que colheu 70 sacas este ano e agora não vai produzir nem 40”, diz o presidente eleito da Aprosoja para o triênio 2024-2026, Lucas Costa Beber.
Beber explica que as chuvas estão irregulares e esparsas em todas as regiões produtoras do estado, o que prejudica o desenvolvimento das lavouras. “Na mesma região, tem lavouras em situação muito boa e outras em condições péssimas. É uma realidade muito parecida com a da safra de 2016, quando houve grande queda de produção no estado”, relembra.
O presidente eleito da Aprosoja afirma que, devido à seca, muitos produtores tiveram que replantar áreas, o que compromete a janela de plantio da segunda safra de grãos, no caso, de milho ou algodão. “Esse plantio ocorreu e há perdas diárias já. Posso falar por mim, como produtor, há mais de dez anos que não fazia replantio (da soja) e esse ano replantei 15% da minha área”, revela.
Segundo ele, ainda é cedo para afirmar, mas é possível que as perdas na sojicultura se acentuem até a colheita do grão em Mato Grosso, dependendo das condições climáticas.
As incertezas quanto à produção da safra também têm limitado as negociações da oleaginosa no estado, e o produtor aguarda uma melhor definição das lavouras para intensificar as vendas, informam os analistas do Imea. Em outubro, 31% da produção prevista para a safra 2023/2024 estava negociada, abaixo dos 32,7% registrados no mesmo período do ano passado para a safra 2022/2023. As cotações da commodity também apresentam oscilações e registraram queda semanal de 0,22%, fechando a última semana cotada na média de R$ 120 a saca (60 kg) em Mato Grosso.
Em relação à demanda pela oleaginosa produzida na safra 2023/2024, o Imea projeta uma redução de 0,29% no consumo industrial, ficando em 13,6 milhões de toneladas, e um aumento de 1,5% no consumo interestadual, chegando a 3,2 milhões de toneladas. Com isso, o estoque final está estimado em 641,9 mil toneladas, uma queda de 41,8% em relação à safra passada.