Interferência do Clima na criação de Gado de Corte

 



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Interferência do Clima na criação de Gado de Corte

DIA RURAL

04 de Abril de 2021 as 10:08

  Foto: Reprodução

O gado de corte é um ramo caro dentro do agronegócio. Criar animais demanda grandes investimentos em água, alimentação e também na manutenção do bem-estar dos animais.

Para isso, toda tecnologia é necessária e muito bem-vinda. A meteorologia é mais uma das ciências que podem fornecer informações valiosas para que o gestor faça um bom planejamento da sua criação, potencializando recursos e diminuindo os riscos de perdas e prejuízos. A seguir listamos algumas dicas para melhor manejo e controle de condições climáticas.


Por que atentar-se às mudanças climáticas no campo?

As alterações do tempo afetam o dia a dia dos consumidores e dos negócios. Da construção civil à aviação, são vários os setores que estão sujeitos à interferência das mudanças de temperatura e outras condições climáticas.

Essa relação fica ainda mais explícita quando estamos falando de um setor que lida diretamente com as forças da natureza, como é o caso da agropecuária. Aqui entra a meteorologia, como uma ferramenta capaz de prover informações preciosas para a gestão do agronegócio.

O calor é um dos principais fatores de estresse para o gado de corte, uma vez que todas as raças têm um limite de tolerância às altas temperaturas. No Brasil, a raça bovina Nelore,  muito criada nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, pode suportar temperaturas de até 35°C. Outras raças precisam de ambientes ainda mais frescos.

As altas temperaturas podem interferir em diversos aspectos, que vão desde a formação muscular do animal até a sua capacidade reprodutiva. Portanto, considerando que o calor é prejudicial aos animais no que diz respeito à produção e ao abate, é importante que o produtor considere a consultoria especializada para questões de clima, já que a meteorologia pode afetar diretamente a sua produção.

Quando o gado está confinado, as informações sobre as condições meteorológicas são importantes para permitir ao gestor implementar medidas de melhoria de qualidade de vida, como ventiladores, janelas e materiais que proporcionam mais conforto térmico aos animais.

Também é fundamental ficar atento ao ambiente externo quando o gado for pastar. O rebanho precisa ter locais de sombra, natural ou de estruturas construídas na fazenda, para se abrigar do sol forte e não ter suas condições de saúde afetadas pelas altas temperaturas.

O controle do calor excessivo pode gerar melhorias no bem-estar geral dos animais e até mesmo salvar vidas do rebanho. Obviamente, isso representa uma enorme otimização dos recursos usados até então e evita prejuízos.

 

Como o clima interfere na produção do gado de corte?

Além de interferir diretamente no bem-estar dos animais, as condições climáticas ainda têm outros tipos de influência na criação do gado de corte. Veja:

 

1. Disponibilidade e preço dos grãos

O clima pode impactar a criação do gado de formas indiretas. Uma delas é o efeito que a mudança de temperatura e as chuvas têm na produção dos grãos que são usados para alimentar o rebanho.

Chuvas demais em determinado período ou secas podem afetar a produção de soja e milho, dois cereais muito usados na alimentação do gado. Além de interferir na quantidade disponível desse alimento, os eventos climáticos também podem ter impactos sobre o preço desses grãos.

 

2. Impactos sobre a pastagem

O cuidado com o pasto é delicado e está diretamente ligado às condições meteorológicas. Chuvas muito intensas podem causar o apodrecimento da grama, gerando uma dificuldade de enraizamento.

Já se as chuvas forem poucas ou se houver uma seca, o pasto pode queimar. Eventos como geadas ou frio extremo também podem causar perdas no pasto. Tudo isso gera uma resposta imediata na alimentação do gado e a introdução da ração pode encarecer muito a produção.

 

3. Produção de forragem

O mesmo raciocínio que vale para a pastagem vale para a produção de forragem. Se há algum evento meteorológico que atrapalha o crescimento da grama e a formação da pastagem, a forragem também ficará prejudicada. O gestor de agronegócio precisa saber das condições climáticas com antecedência para conseguir planejar uma possível complementação com ração na alimentação do rebanho.

 

4. Mudanças na distribuição das doenças e pragas

O frio e a umidade são fatores que podem propiciar a propagação de uma série de doenças, como vírus e fungos. No período mais seco, é baixa a incidência de doenças, mas é a época dos carrapatos. Saber quando serão e quanto tempo esses períodos vão durar auxilia o planejamento do gestor, no sentido de aplicar os antiparasitários corretos, de acordo com o que as condições climáticas requerem.

 

5. Efeitos do tempo sobre a saúde animal e seu crescimento

O estresse térmico é um dos principais fatores que influenciam na saúde dos animais de corte. O calor contribui para aumentar a taxa de crescimento dos músculos dos indivíduos do rebanho.

No entanto, em caso de calor extremo, a energia tem que ser usada para o resfriamento do organismo. Isso acelera os batimentos cardíacos do animal, aumenta as taxas de cortisol (hormônio relacionado ao estresse) e diminui o peso, pois ele tende a não se alimentar direito.

Com menos peso, o animal pode demorar mais tempo do que o planejado para ir para o abate. Além disso, fica mais vulnerável a infecções, uma vez que o cortisol afeta o sistema imunológico.

 

6. Condições para reprodução

O estresse térmico também afeta a produção do gado de corte. Machos e fêmeas submetidos a altas temperaturas ficam estressados, e isso tem impacto negativo sobre a qualidade e a quantidade do sêmen, tornando a reprodução mais cara e mais lenta.

Em alguns casos, quando as vacas estão prenhas, o calor excessivo e o estresse advindo das altas temperaturas podem levar ao um aborto, e em situações mais extremas, ao óbito da fêmea. Portanto, é muito importante que o produtor considere uma consultoria especializada para questões de clima. A meteorologia pode afetar diretamente e de forma muito positiva a produção.

Vale ressaltar que quanto mais o gestor cuidar de cada detalhe meteorológico, mais fácil será o cuidado com o bem-estar animal. Isso vai refletir diretamente na qualidade e na confiabilidade do gado de corte. O monitoramento e a previsão do tempo também fará com que os custos sejam direcionados e aplicados nos momentos e nas situações corretas.

 











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