O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu carta branca ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), segundo interlocutores dos dois, para ele montar sua equipe na Casa Civil e principalmente liderar as articulações políticas que ele achar necessárias com o Congresso e com o Judiciário.
A conversa ocorreu a sós na manhã desta terça-feira no Palácio do Planalto no gabinete do presidente, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Depois, Ciro desceu até o segundo andar para uma reunião no gabinete do ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Além de Ciro e Faria, estavam a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, todos integrantes do Centrão. O grupo depois subiu até o gabinete do presidente, onde foi feita a primeira foto, publicada nas redes sociais de Fábio Faria.
Nas conversas que teve no Palácio do Planalto ao longo do dia, Ciro avaliou ser possível reaproximar antigos aliados do presidente e investir nos políticos e partidos com potencial de aproximação. Um exemplo mencionado é o do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, que já esteve próximo de Bolsonaro, mas se afastou.
O líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), é outro nome a ser atraído. O partido inclusive deve se reunir na próxima semana para discutir o novo contexto político.
Ele também pretende conversar com integrantes do Judiciário que hoje estão em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro, como os ministros do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, que também integram o Tribunal Superior Eleitoral, onde tramitam ações de cassação de chapa Bolsonaro-Mourão. Mais à frente, Ciro não destaca inclusive abrir diálogo com a oposição.
Ciro diz que pretende inspirar sua operação política na pasta a outro piauiense que, como ele, ocupou o cargo rodeado de militares: Petrônio Portela, ministro da Justiça no começo do governo Figueiredo que lançou as negociações com o Congresso pela abertura política.
Era, portanto, um civil com a missão de distensionamento político especialmente com o Congresso. Algo semelhante ao papel que Ciro pretende ter, conforme a CNN mostrou nesta segunda-feira. Petrônio, aliás, é tio-avô dos filhos de Ciro com Iracema Portella, sua ex-mulher.